A SANTA DA LUZ VERMELHA
Por Alessandro Hipz
Em seu processo criativo, o artista visual amazonense Alessandro Hipz ouve as histórias de vida das profissionais do sexo e ex-prostitutas, bem como seus anseios, frustrações, alegrias e os demais sentimentos que habitam dentro e ao redor dessas mulheres. Mulheres estigmatizadas por uma sociedade machista, patriarcal e homofóbica, pela qual diariamente sofrem com o preconceito por terem uma profissão marginalizada. A partir do convívio com as profissionais do sexo, na residência artística do Museu do Sexo das Putas, Hipz desenvolveu uma relação de carinho e afeto para com elas e busca levar através do graffiti a imagem dessas mulheres para as ruas buscando humanizá-las e trazer a sociedade para uma reflexão sobre a importância das profissionais do sexo não só como trabalhadoras, mas também como mulheres, além de revitalizar com cores e sentimentos certos espaços esquecidos pelo poder público. Com a narrativa de sensibilizar os espectadores através da arte, Alessandro Hipz propôs ao espaço da Guaicurus os murais das santas, intitulado A Santa da Luz Vermelha, onde o artista trabalha com mulheres reais e profissionais do sexo não na perspectiva de divindade, e sim por uma ótica igualitária onde um simples mato bloqueia a hipocrisia de uma sociedade preconceituosa.
Alessandro Hipz - Manaus/AM
Natural de Porto Velho/RO e residente em Manaus desde 2000, Hipz desenvolve trabalhos como artista visual nas artes urbanas (Graffiti, Stêncil, Colagens, Impressão manual e serigrafia) e ilustrações. Com um estilo único na cidade, suas personagens são facilmente identificadas, em suas composições artísticas a imagem feminina é fielmente exaltada, buscando unir elementos da cultura negra, indígena e religiosas. Faz parte do coletivo de graffiti Febre Urbana Krew e é um dos idealizadores e organizador do maior evento de graffiti da região norte do país, o Black & White.